COMO A ATUAL CRISE FINANCEIRA AFETA A VIDA E O BOLSO DO CIDADÃO BRASILEIRO
Artigo Publicado pelo Jornal O Noticiário N° 17, ano 2°, pág. 02.
Como em um ônibus lotado, se um dos passageiros dá um espiro, todos os que estão ali dentro poderão inpirar o vírus eliminado pelo ocupante. Se todos irão desenvolver o vírus da gripe, isso dependerá de organismo para organismo, existem uns mais fortes e outros mais fracos.
Geralmente quando nós lemos ou ouvimos nos telejornais a respeito da queda das bolsas de valores, olhamos para essas notícias com uma certa indiferença, como se nada tivesse haver com ela, afinal se não temos dinheiro aplicado nesse mercado então porque nos preocupar? Notícia chata que às vezes o consumidor não entende direito, que somente quem tem muito dinheiro aplicado que deve se incomodar com ela. A análise esta certa? Errado!
Quando acontecem essas “violentas” quedas no mercado financeiro – como hoje o mundo se encontra em um dos momentos mais difíceis da crise econômica – com certeza a queda da bolsa de valores se ainda não atingiu, ela possui grandes possibilidades de atingir o seu bolso. Os especialistas alertam, o mundo poderá passar por um período de recessão profundo. Isso significa que: o nosso bolso, sendo investidor ou não, ele direta ou indiretamente poderá ser afetado. Mas o que isso reflete no nosso cotidiano? O que o sobe e desce das bolsas de valores tem haver com o nosso dia a dia e até que ponto nós consumidores precisamos ficar preocupados?
A palavra que ganha significância neste momento chama-se, commodities. Mas o que significa essa palavra? Petróleo, soja, açúcar, café, minério de ferro, ou seja, produtos que necessitam de ser transformados para agregar, ou, acrescentar valor ao seu produto final. As commodities possui preços diários, ou seja, todos os dias ou há todas os momento seus preços mudam, sobem ou descem nas bolsas de mercadorias do mundo todo. Em circunstancias atuais, os preços das commodities estão somente caindo, portanto o petróleo, o açúcar, a soja, café, o minério de ferro... estão cada vez mais baratos.
Mas então, se os preços estão caindo, por que todo esse nervosismo do mercado? Se houvesse somente um lado positivo, os economistas e analistas de mercados não estariam tão apreensivos. Para isso há uma razão. As vendas também estão caindo. O mercado esta receoso com a redução do consumo mundial e consequentemente com a redução das exportações.
Com a diminuição do consumo mundial, a economia de cada país cresce menos e sem crescimento interno o país passa a importar menos e isso não é bom para o desenvolvimento econômico mundial. Caso a moeda americana continue em alta, os preços de determinados produtos poderão sofrer algum tipo de alteração. A farinha de trigo, por exemplo. O Brasil hoje importa setenta por cento de toda farinha consumida, farinha esta calculada ao valor do dólar, portanto se o dólar sobe, o pãozinho francês e todos os derivados também sobem. Opa, o café da manhã já esta comprometido! No caso da soja não é diferente, seu preço no mercado futuro está em acentuada queda, no entanto seu valor monetário é cotado em dólar e como a moeda americana não pára de subir a lata do óleo de soja de cozinha vai ficando cada dia mais elevado. Também têm os remédios, materiais de informática. Os juros para os financiamentos estão ficando mais caros e escassos. Assim sendo a atual crise se reflete diretamente nos produtos que nós consumidores iremos comprar.
É certo que o Brasil possui um organismo mais resistente contra essa “gripe” que se alastra pela economia mundial. Desta vez a conjuntura econômica fez com que o país se protegesse de forma mais eficiente, tomando os remédios certos nas horas certas, mas lembre-se, não estamos imunes à crise. Mas o que às vezes nos passa despercebidos é que os produtos importados são necessários, eles servem como parâmetro e controle da inflação, concorrendo com a produção interna e consequentemente deixando-os a preços equilibrados para nós consumidores. E se esse equilíbrio se perde, os nossos produtos perdem também seus adversários naturais. E se não há concorrentes à altura para barrar a elevação dos preços da produção interna, corre-se um risco muito grande de encontrarmos novamente prostrado no meio do nosso caminho, o leão que atormentou toda a década de noventa no Brasil, a inflação. Nas suas devidas proporções é claro.
De acordo com o diretor do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, as instituições financeiras terão “liquidez limitada” para operações de financiamento. Com a diminuição da liquidez mundial – disponibilidade de moeda corrente – as empresas terão menos recursos para custear e refinanciar suas novas plataformas de expansão. Consequentemente elas cresceram menos e gerarão menos oportunidade de emprego e renda para a população.
Quanto às taxas de juros, elas estarão subindo para qualquer tipo de financiamento e os prazos de pagamento estão sendo achatados. Se o consumidor tiver dinheiro para comprar a vista, talvez o melhor conselho seria segura-lo mais um pouco, pois com as dificuldades no financiamento dos produtos de bens de consumo, os mesmos poderão ficar estocados nas prateleiras das lojas a espera do consumidor final, então essa será a hora de negociar com o vendedor e comprar o eletrodoméstico que a tempo estava sonhando.
Mas atenção, o alerta esta sendo dado, os medidores dos mercados estão sinalizando obstruções no sistema financeiro mundial, portanto, se a crise ameaça faltar dinheiro para eles que são grandes investidores, imaginem para nós que somos pequenos consumidores. Lembre-se essa crise poderá ser refletida nos produtos que nós iremos comprar, ou seja, o nosso bolso no dia a dia, independente de quem investe na bolsa ou não, poderá ser afetado.
Desse modo neste período de crise financeira vale a pena à velha recomendação de que cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém. É preciso ter cuidado nos financiamentos, seja de carro, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, imóveis. Primeiro porque o crédito não será tão facilmente aprovado como antes, as garantias agora são muito maiores e segundo, as taxas de juros podem ser variáveis o que poderá futuramente aumentar o valor monetário da sua dívida. Mas não se preocupem o mundo já passou por varias crises generalizadas como a atual. A última ocorreu devido ao onze de setembro, onde na época relatava-se que a economia mundial nunca mais seria a mesma e estamos nós aqui, firmes e fortes, investindo, planejando e esperando a gripe passar, pois segundo as palavras do próprio Presidente Lula, “A crise é uma tsunami, mas quando chegar aqui ela será uma marolinha que não da nem pra esquiar”. Então vamos tomar os nossos cuidados e aguardar a gripe passar.
Dados do Autor
Elielso Magno Yndly – Bacharel em Ciências Econômicas – Especialista em Mercado Financeiro – Marechal Floriano – Centro – ES.
09 de outubro de 2008.